We are the destination

Est. 2014

No fim-de-semana de 11 a 13 de Março de 2016, há exactamente sete anos, recebíamos cinco especialistas internacionais, de cinco países diferentes, para uma conferência sobre destination weddings e um fim-de-semana dedicado a apresentar Portugal como destino e à arte de bem receber: The Destination - international wedding conference.

Aconteceu no salão nobre do Four Seasons Hotel Ritz, em Lisboa, e passámos também pelo Penha Longa, Monserrate, Palácio de São Vicente, Forte da Cruz e Quinta de Sant’Ana, entre pequenos-almoços de despedida, almoços de pausa ou de experiência, jantares de luxo ou relaxe, e passeio para desfrutar do magnífico bom tempo e vistas de mar e campo. Dias intensos, na óptima companhia de Liene Stevens, da plataforma americana Think Splendid, Naoise McNally, do blog e directório irlandês One Fab Day, Fernanda Silva, wedding planner da suiça Wedding Luxe, Esther Friedrich do blog espanhol de destination weddings Belle & Chic e Manuela Cesar, do blog e directório brasileiro Colher de Chá.

Para produzir esta conferência com os profissionais que queríamos convidar e ao nível de qualidade e experiência que queríamos proporcionar a todos, captámos, de forma autónoma, financiamento do programa Portugal 2020 e convidámos o Turismo de Portugal para encerrar o evento - declinado, por falta de agenda.

Em Janeiro de 2014, marcava a primeira reunião com o departamento de comunicação do Turismo de Portugal, para apresentar o site The Destination Blog, online em Junho desse ano, e que mais tarde, em 2016, renomeávamos (e reestruturávamos e redesenhávamos) para o assertivo We are The Destination.

Vários anos antes, o caminho para os casamentos de destino tinha sido iniciado, com audácia e visão, por Paula Grade, a partir do Algarve, com o Reino Unido como objectivo.

No Wedding Trend Report de 2018, Portugal vinha no top 3 de destinos para casar na Europa, quando se falava de wedding destinations, a propósito do seu exotismo, qualidade de serviços e preço competitivo.

Em Maio de 2020, quando Itália estava a ser engolida pelo horror da pandemia, escrevi ao director do Turismo de Portugal, à secretária de estado do Turismo, e reuni com o seu adjunto - sem consequências, como toda a relação que tentámos estabelecer com este organismo, nestes quase dez anos de convites, perguntas, contactos, sugestões, ideias e eventos.

A nossa posição foi sempre mostrar o valor (financeiro, cultural, de posicionamento) do sector. Falar das especificidades, do talento, da qualidade, do saber fazer, pedir a atenção devida, merecida, tal como tinha sido feito estrategicamente - e com resultado - com o vinho ou com o surf.

Focámos a abordagem numa visão de dentro para fora, de especialistas com conhecimento e saber, posto à disposição da principal instituição que comunica o país, para alavancar o bom trabalho e posicionamento já conquistado em nome próprio. Prontos a demonstrar o valor, o caminho, os pontos fortes, a capacidade criativa, a identidade, atalhando a curva de conhecimento necessária para domar a má impressão, datada, estrictamente pessoal e ainda preconceituosa, que quem está do lado de fora do mercado tem sobre o casamento contemporâneo.

Fizémo-lo de forma independente, e a maturidade demonstrada pedia agora lustro institucional, alguma amplitude global e comunicação a uma voz, nas elegantes e bestiais campanhas com que o Turismo arrebata prémios.

Não tivemos eco institucional, que nos poderia ter projectado entre os grandes na Europa, França, Itália, Grécia. Como todas as tendências espontâneas, passámos o pico, o primetime em que estávamos na boca do mundo, e, desse topo, poderíamos determinar coisas, fazer escolhas, liderar. Vimos passar o barco, acenámos, e voltámos a baixar a cabeça.

A resiliência, que é marca do sector, continuou o seu papel, fez-se acontecer como habitualmente, de forma solitária e individual, à sobra do esplendor que sabemos que somos - ou podemos ser.

Estamos em 2023, as viagens estão normalizadas e os destination weddings voltaram à sua rotina habitual, ocupando parte da agenda nacional.

Chegamos então ao tópico quente, para onde estão a convergir várias más ideias, que sequestram a sustentabilidade do médio, longo prazo, pela recompensa ilusória do curto prazo - como aconteceu com a habitação, com a hotelaria, com a delapidação do estado social.

Há alguns meses aconteceu uma press tour, sobre o auspício do Turismo de Portugal e com presença da então Secretária de Estado do Turismo, para a qual foram convidadas várias wedding planners de segunda linha, em vez da nata profissional internacional. O que se fez foi vender a logística, o trabalho não especializado, a pequenez do costume - ou do ponto de vista cego do Turismo de Portugal, dormidas e viagens.

Portugal, essa pérola de humildade onde quem chega com dinheiro faz e comanda como quer. Não somos óptimos a executar? E ficamos contentes, agradecidos, fazemos vénia a negócios possivelmente menos relevantes (em escala, cliente e entrega) que os nossos, só porque vêm de fora e têm uma carteira maior.

A estratégia deveria ser o oposto, pegar na nata nacional e apresentá-la aos mercados internacionais, igualmente qualitativos, os melhores a trabalharem com os melhores, em igualdade de valor, esforço e competência. Em parcerias equilibradas, frutuosas, que aportem valor genuíno de conhecimento e crescimento e mantenham a identidade singular das partes.

Liderar, afirmar, em vez de seguir, conformadamente.
Alavancar o que já somos por mérito próprio, pôr-lhe um foco e promover, não o músculo, mas o cérebro, o coração, a alma.

Mas não, estamos sempre a entregar o valor, o melhor, a outros que não são melhores (ainda se fossem…), e que apenas vêem em nós uma excelente oportunidade de facturar para o seu bolso. Importamos directamente, produzimos em espelho hábitos, estética e costumes alheios, abafando qualquer réstia de identidade, deixando cair, sem hesitação, a importância genuína do que é único, original e local, e por isso mesmo, exótico aos olhos do outro, cobiçável, valioso. Isto não pode dar alento a ninguém!

Hoje, na vida quotidiana, há exemplos suficientes que demonstram as consequências desta entrega cega.

Enquanto não levantarmos os olhos do chão, não veremos o caminho.

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Bem-vindos!